Era uma vez um passarinho que morava num ninho no alto de uma mangueira. Quando a mamãe passarinha saía cedinho para procurar alimento, falava:
- Ó filhinho, não saia do ninho. Você ainda é um filhotinho, pode cair lá embaixo e se machucar. Mas o passarinho morria de vontade de dar as suas voadinhas, experimentar as suas asinhas cheias de peninhas. Experimentou uma vez. Experimentou a segunda. Quando experimentou a terceira, caiu e quebrou uma asa. Saiu, andando pelo chão, arrastando a asa, procurando uma ajudinha. - Ó minha amiga vaquinha, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha. A vaquinha, muito mal-humorada, disse que não entendia de asas. O passarinho continuou o seu caminho, arrastando a sua asinha quebrada. Até que encontrou um cavalo e pediu ajuda de novo, coitadinho. - Ó meu amigo cavalinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha. O cavalo relinchou e disse que não consertava asas. Não era veterinário. E lá se foi o passarinho andando, pedindo ajuda a todo mundo que encontrava, ouvindo sempre o mesmo. Até que encontrou um rio, muito transparente, e parou para beber água. - Ó meu amigo riozinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha! E o rio de águas claras cantarolou: - Bote aqui a sua asinha bote aqui no leito meu e depois não vá dizer que você se arrependeu. E com todo cuidado, enfaixou a asinha do amiguinho, sorrindo dizendo: - Dê um tempo ao tempo, fique quieto uns dias no seu ninho, meu passarinho! E foi o que o passarinho fez. Voltou para o seu ninho e deixou o tempo passar, bem quietinho. O tempo passou. Ele sarou e aprendeu a voar bem direitinho. E no seu primeiro voo sozinho, levou uma flor para o seu amigo riozinho. Ele agradeceu com um sorriso claro. - O tempo cura tudo. É só dar tempo ao tempo, amigo passarinho.
Autor desconhecido
Nenhum comentário:
Postar um comentário